Os Inícios da Colonização Inglesa da América do Norte
A presença inglesa nas Américas se deu a partir da iniciativa de Elizabeth I, que com apoio dos setores comerciais ingleses. A derrota da Invencível Armada, em 1588, enfraqueceu a Espanha e possibilitou o avanço inglês. Sir Walter Raleigh comandou três tentativas de colonização na América (1584, 1585 e 1587), sem lograr êxito.
No século XVII a aliança entre a burguesia e o Estado se solidificou, principalmente durante os anos da República Puritana. Regiões da América do Norte e Antilhas foram vítimas de ataques corsários e invasões.
Os cercamentos, que já se iniciavam na Inglaterra, ajudaram ao projeto colonial, pois muitas das pessoas obrigadas ao êxodo rural buscavam uma nova vida nas regiões coloniais. Além disso, os vários conflitos religiosos ocorridos no país nos séculos XVI e XVII contribuíram para a migração de puritanos e “quackers” para o Novo Mundo.

De uma forma geral a região colonial inglesa, que ficou conhecida como Treze Colônias, se dividiu em duas grandes áreas: o sul e o norte.
- O Sul – na região prevaleceu a atividade agroexportadora. Gêneros tropicais, como o índigo e o fumo, e posteriormente o mais destacado deles, o algodão foram produzidos a fim de abastecer o mercado europeu. O sistema utilizado foi o sistema de “plantation”, monocultor, escravocrata, latifundiário e voltado para o mercado externo. Os escravos, assim como no Brasil, eram em sua maioria africanos. Foi, portanto, uma típica colonização de exploração.
- O Norte – também conhecida como região da Nova Inglaterra. Por suas características climáticas e geográficas, recebeu menor atenção da metrópole. A ausência de metais preciosos, a impossibilidade de produzir gêneros tropicais, a inexistência de um povo produtor de excedentes que pudesse ser utilizado para o benefício dos interesses metropolitanos, fizeram com q eu a região recebesse um grande número de fugitivos das perseguições políticas e religiosas na Inglaterra. Prevaleceu o minifúndio, o uso da mão-de-obra livre familiar – ainda que existisse a escravidão – a produção voltada para o consumo interno e policultura. O comércio e artesanato se desenvolveram, além de um intenso comércio com os índios, principalmente de peles. Foi aquilo que se chama de uma colônia de povoamento

Ao contrário do Brasil, as regiões coloniais inglesas tiveram uma relativa autonomia administrativa. Juntamente com o individualismo calvinista, deram as bases para uma sociedade competitiva e individualista – marca dos EUA até hoje. Por outro lado, ambas as regiões coloniais estavam submetidas ao controle monopolístico da metrópole. Ambas eram obrigadas a gerar lucros para a metrópole, pois essa era a função das coloniais dentro da lógica mercantilista. No norte, o pagamento de impostos por parte dos colonos era umas das formas de transferências de riquezas para das colônias para a metrópole.
Alguns autores trabalham considerando a existência de uma região central, cujas colônias combinariam aspectos das duas áreas principais.
Curiosidades – As treze colônias eram: Maine, New Hampshire, Massachussets, Nova Iorque, Rhode Island, Connecticut, Pensilvânia, Nova Jérsei, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.
Logo, a colonização das Treze Colônias teve características distintas no norte e no sul. No norte, as características do processo colonial incentivaram o desenvolvimento da manufatura e do comércio. A ética calvinista do trabalho estimulou a poupança e a acumulação de capitais; trabalhar e enriquecer era uma forma de louvar a Deus.
Para impedir o crescimento da indústria manufatureira no norte – e a concorrência que daí adviria – a Inglaterra aumentou, a partir do século XVIII, restrições de caráter mercantilista: em 1750 foi proibida a produção do ferro e, em 1754, a fabricação de tecidos. É claro que a tradição de autogoverno, mais forte no norte, gerou insatisfações entre os colonos, ainda mais que as ideias iluministas e liberais atravessavam o Atlântico em forma de homens e livros alimentando a consciência de que outro tipo de estrutura econômica e social era possível nas colônias. As ações inglesas foram gerando o desenvolvimento, cada vez mais nítido, de um sentimento nativista entre os colonos. Ser americano era defender seus direitos – o que era considerada uma tradição inglesa, que na ideologia popular remontava a carta Magna de 1215, e até mesmo às tradições e igualdade individual vigentes entre os saxões (altamente idealizadas). As mudanças do século XVIII foram determinantes na formatação do processo de independência que deu origem aos EUA.
Fatores Determinantes na Independência.
A Guerra dos Sete Anos, o Crescimento Comercial e as Ideias Liberais
Na América, colonos ingleses e franceses continuavam em choque para controlar o comércio de peles com os índios e as regiões pesqueiras do norte. Agravadas pela disputa entre França e Inglaterra pela hegemonia diplomática e econômica na Europa, o conflito colonial degenerou em uma guerra. A Guerra dos Sete Anos(1753 – 1763) terminou com a vitória inglesa (que teve apoio prussiano). A França perdeu vastas possessões coloniais, como o Canadá e partes da Índia. O custo da vitória, entretanto, foi alto: o Estado inglês se endividou e sofreu forte oposição ao tentar aumentar os tributos pagos pelos contribuintes ingleses. Alegando que a guerra favorecera aos colonos, a saída do governos inglês foi aumentar os impostos sobre os colonos. Foi criada a Lei do Selo, cobrado sobre produtos importados e que deveria ser pago pelos importadores coloniais – o que levaria a um repasse para o preços e a um aumento do custo de vida na colônia. Além disso, aumentava o controle sobre o contrabando colonial, muito forte entre as colônias do norte e a região caribenha. Violentos protestos, terminaram por fazer o governo inglês voltar atrás e suspender o imposto, em 1766. Porém, outros novos impostos foram criados e aumentaram o atrito entre metrópole e colônia.

Ao mesmo tempo, as contradições da colonização inglesa aumentava a insatisfação colonial. Uma próspera camada comercial se desenvolvera, com destaque no norte. Essa camada comercial, alimentada pelas tradições de autogoverno, pelo individualismo puritano e liberal, não aceitou passivamente as restrições ao seu crescimento. Petições, protestos, reuniões pipocavam nas principais cidades, buscando alternativas para a crise.
O Processo de Independência
A luta contra as restrições metropolitanas ao comércio e os direitos dos colonos. Em 1770, quatro colonos foram assassinados por soldados ingleses que reprimiam uma manifestação. O Massacre de Boston gerou profunda revolta entre os colonos. Em 1773 houve a Festa do Chá de Boston – principal porto das Treze Colônias, onde os habitantes da cidade, recusando a pagar o novo imposto, fantasiaram-se de índios e jogaram ao mar uma carga de chá recém-chegada de um navio inglês. O rei Jorge III interditou o porto e suspendeu seus privilégios, além de restringir direitos dos colonos, impor o ressarcimento dos prejuízos causados e o pagamento de multas.
Colonos de Massachussets convocaram representantes das demais colônias para uma discussão a respeito da situação. Com exceção de representantes da Geórgia, realizou o Primeiro Congresso da Filadélfia, onde se votou a Declaração dos Direitos dos Colonos. Exigia-se o mesmo direito dos ingleses de nascimento – só serem taxados com seu consentimento, além de pedirem ao rei a restrição dos privilégios mercantilistas – que já haviam sido extintos na Inglaterra – que ainda vigoravam nas colônias. Note que não há uma decisãode separação completa, de ruptura entre os colonos. Reivindicavam, também, o direito de elegerem representantes para o parlamento inglês. O rei Jorge III logo percebeu que isso representaria uma independência indireta, pois colonos passariam a ter os mesmos direitos de cidadãos ingleses (uma condição que não atingia a todos e levava em consideração tanto critérios censitários quanto de nascimento). O rei decretou estado de rebelião nas colônias, mandou tropas – que deveriam ser abrigadas, alojadas e alimentadas pelo colonos que vinham reprimir. Essas Leis Intoleráveis levaram à convocação do Segundo Congresso de Filadélfia. Uma Declaração de Independência foi redigida e, em 4 de julho de 1776, a Independência foi proclamada. Thomas Jefferson e John Adams, seus principais redatores, incorporavam o ideário da Ilustração “Todos os homens nascem iguais…” A escravidão, entretanto, não foi abolida.
A Guerra de Independência (1776-1781)
Os dois primeiros anos de conflito foram extremamente desfavoráveis aos colonos. Seu exército era mal armado e suas noções de autonomia federalista, contrárias à formação de um governo central, dificultavam a luta. Além disso, no sul, muitos proprietários de terras e comerciantes ligados aos privilégios mercantilistas procuravam manter algum tipo de relação com os ingleses, recusando a uma luta geral contra eles. Porém, graças a unificação do comando militar nas mãos de George Washington, a uma certa centralização política e ao apoio da França (a Espanha também teve uma participação – simbólica – na luta) os colonos reagiram. Uma luta de guerrilhas contribuiu para desmoralizar as tropas inglesas. Os colonos, lutando por suas casas, famílias e direitos tinham mais motivação. Em 1781, os ingleses foram derrotados. Em 1783, reconheciam a independência do novo país e cediam terras a oeste. Nasciam os EUA.
A Estrutura Político-Constitucional
Em 1787 foi redigida a constituição dos EUA. Baseava-se no ideário liberal e iluminista. O país seria uma república federativa presidencialista, com eleições presidenciais quadrienais e indiretas. Em quase todos os estados era necessária algum tipo de propriedade para ser eleitor e elegível. Estado e igreja eram separados, caracterizando-se o país como um Estado laico – ainda que de forte predomínio protestante e bastante preconceituoso com os católicos. O ideal de três poderes harmônicos e independentes, que se fiscalizam foi adotada. A escravidão foi mantida – ainda que os estados pudessem legislar sobre suas formas e restrições – e as mulheres foram excluídas do direito de cidadania. Ainda assim, o impacto da independência dos EUA foi muito grande. Foi a primeira colônia a se livrar do domínio metropolitano e a primeira constituição liberal e iluminista. Seu exemplo influenciou a Revolução Francesa e as lutas de independência na América Hispânica.
Fonte: http://sul.colmaster.com.br/projetohumanas/2015/06/11/668/
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